Laudo Pericial do Rompimento
O relatório final de fiscalização, produzido pelo Ministério Público do Trabalho, sobre a tragédia em Brumadinho, aponta 9 causas do rompimento de barragem que contribuíram para a tragédia que já matou 249 pessoas e outras 21 estão desaparecidas.
Oito auditores elaboraram o documento com 400 páginas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, entregue dia 25/09/19.
Segundo o relatório um dos principais motivos foi o excesso de água no dique para o rompimento da barragem da Vale, que completa 8 meses desde o colapso.
Causas Prováveis
As causas do rompimento da barragem de Brumadinho são itemizados abaixo. Alguns desses itens faço um comentário breve, mas que são de minha total responsabilidade:
- Distorções no cálculo dos fatores de segurança: a consultoria responsável (Tüv Süd) pela análise deveria apontar o FS real, que provavelmente foi alterado para constar no laudo;
- Geologia local desconhecida: difícil acreditar que não foram executadas sondagens nesse local para a construção da barragem. Quando não tem ninguém para se responsabilizar a culpa sempre é da geologia;
- Operação irregular (lançamento de rejeitos e largura de praia): por falta de conhecimento ou gestão das barragens antigas não existia muito critério;
- Sistema de drenagem (interno e superficial) insuficiente e mal conservado: sempre existem drenagens com manutenções defasadas, ou não priorizadas em diversas barramentos, não é prioridade para muitas empresas;
- Demora no rebaixamento efetivo da linha freática: plano de rebaixamento mal executado e não priorizado:
- Existência de anomalias recorrentes: como não é prioridade não foi dada a devida atenção; O que é gasto geralmente não é prioritário;
- Falhas em planos de emergência: plano de emergência de várias mineradoras não é eficiente e não tem monitoramento eficiente. Causa disso é o custo, que não é priorizado. Normalmente é realizado um plano de emergência para atender as normas e diretrizes do DNPM, mas que na realidade não é funcional
- Auscultação (piezômetros, indicadores de NA, inclinômetros) deficiente; muitos piezômetros e inclinômetros de barragens foram mal construídos, estão entupidos, deficientes, por má execução.ou não execução de novos, que não mostram o real cenário do barramento
- Gestão de segurança e saúde no trabalho precária: difícil entender como tem problemas se a Vale diz muito se preocupar com a segurança, mas mesmo se tem boa gestão e quem constrói a ponte comete erros, não adianta passar por cima dela com todos os EPI’s.
Causas Prováveis
Em resumo parece que tudo esbarra em custos que não são prioridades; porém, a segurança deveria vir em primeiro lugar.
Segundo um dos autores do laudo, 98 metros cúbicos de água deveriam ser esvaziados, por hora. Todavia para o auditor, houve um acúmulo inadequado de rejeitos. Quando a barragem foi construída, em 1976 não havia drenagem do dique. (aqui abro um parêntesis – se a barragem não tinha drenagem foi muito mal executada, contudo, erros acontecem)
Em 2016 já havia uma recomendação para a suspensão das atividades da Mina Córrego do Feijão. vinte e um autos de infração foram lavrados contra a Vale, que ainda pode recorrer, entretanto ainda vamos ouvir esse assunto por muito tempo.
Fonte parcial do texto: G1